quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010


SOFIA SILVA
PORTUGUESA
AUXILIAR EDUCAÇÃO

Foi no dia 16 de Fevereiro de 2006, pelas 16 horas, numa tarde encoberta e de chuvisco, e quem me conhece bem sabe como gosto de conduzir nessas condições. O dia acabou por ser um dos mais marcantes da minha vida; para a minha família foi seguramente um dos mais dificeis e para mim um dos mais espirituais.
Tudo aconteceu numa zona de extracção de areias, próximo ao aterro sanitário municipal de Almada, num cruzamento de estradas pouco movimentadas, mas também dificil devido à fraca visibilidade causada por arbustos e árvores ao longo das estradas. Foi então no cruzamento, que fui subitamente surpreendida por um camião de 10 toneladas que albalroou a minha carrinha pelo meu lado direito e reduziu-a a pouco mais do que um monte de lata. Na parte dianteira apenas ficou intacto o habitáculo do condutor onde estava eu. Felizmente vinha só dentro da carrinha pois se viesse mais alguém por certo não teria sobrevivido.

Após a colisão, o embate atirou com a carrinha que depois de dar um pião sobre si mesma foi parar à berma da estrada. Os vidros partiram-se e as cadeirinhas dos miúdos forma cuspidas pelo ar. Não me recordo de nada, mesmo agora passado algum tempo continuo sem quaisquer lembranças do que ocorreu. Perdi a consciência e entrei em coma, tendo sido levada para o hospital Garcia de Orta, onde dei entrada nas urgências. Graças a uma equipe médica que nunca desistiu, fui reanimada e devolvida a esta vida. Depois de ouvir os relatos dos médicos que me assistiram, os bombeiros e os elementos da GNR que estiveram no local do acidente, todos eles afirmaram ter sido um verdadeiro milagre ter sobrevivido, o que não é dificil de acreditar quando olhamos para as fotos tiradas pelos bombeiros no local do acidente que atestam o estado péssimo em que ficou a carrinha. A viatura ficou praticamente desfeita e segue para abate. Quanto a mim, fiquei maltratada, segundo relatório médico, com traumatismos craniano, torácico e abdominal e não obstante duas costelas partidas, algumas escoriações, não sofri nenhum golpe profundo que causasse sangramento. Fiquei com algumas mazelas que me acompanham ainda passados estes meses todos.
Nesse dia, tive a maior experiência espiritual da minha vida, enquanto permaneci em coma, tive o maravilhoso privilégio de poder viajar para o mundo que não é este em que vivemos, recordo-me de acordar numa sala iluminada com uma luz maravilhosa, quando olhei em redor pude reconhecer algumas pessoas, vi os meus avós , tios e pessoas que não reconheci mas que me apercebi que eram da família. Fui abraçada pelos meus avós e senti o amor que eles me têm, mas disseram-me que não podia ficar ali, então tive que voltar, ouvia a voz do meu marido, que à distância, chamava-me para que voltasse e foi quando então despertei.
Foi fantástico, perdi todo o receio da morte e posso assegurar que desejei ficar ali naquele lugar e não ter que voltar. Ali encontrei perfeição, amor e paz. Posso dizer que morri durante alguns minutos, segui a luz e encontrei a paz que tanto procuramos.
Hoje ainda não sei porque razão fui poupada, não sei qual a missão que o Senhor ainda me reserva nesta terra, mas sei que aprendi que temos que viver como se o nosso encontro com o Salvador fosse hoje, viver cada dia da melhor forma. Agora valorizo mais as pequenas coisas da vida.


Também aprendi mais sobre o serviço e caridade, pois os membros da ala oraram e jejuaram por mim e durante um mês levaram as refeições para mim e família e realizaram outros serviços domésticos.
Sou grata pelo maravilhoso dom da vida.

Sofia Alexandra Coimbra dos Anjos Silva

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