quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
VERA DELGADO
PORTUGUESA
ADMINISTRATIVA COMERCIAL
Há pouco tempo atrás, estava a conversar com os missionários, e como sempre, pediram-me ajuda com referências. Eu, sem mais demora, disse-lhes que não era possível neste momento partilhar o evangelho com alguém, pois estava a passar por muitas provações, e assim, não tinha nada de positivo para chamar a atenção de alguém. Ou seja, não podia falar das bênçãos de pertencer à verdadeira igreja de Cristo se eu própria não me sentia abençoada.
Lógico que essas palavras não caíram muito bem na minha mente. Fiquei algum tempo a ponderar se realmente o que tinha dito estava correcto. Se não estava bem, porque ainda continuava activa na igreja? Qual é então a base do meu testemunho, serão as bênçãos que recebo ao fazer o que é certo? E quando fazemos o que é certo, e tudo corre mal na nossa vida? Job fez o que era certo, o próprio Cristo também, e a vida deles foi melhor do que a minha? Será que, por alguns instantes ficaram calados quando tiveram a oportunidade de partilhar o evangelho com alguém, só porque estavam a passar por provações?
Qual foi o verdadeiro motivo da minha conversão? O que me prende ainda na igreja?
Esta é a história do meu testemunho de como começou e como está agora.
1. O que me atraiu na igreja?
Gosto muito de Historia. Pois, vivendo num país dominado na sua maioria por “Velhos do Restelo”, sendo eu própria um deles, delicio-me com o estudo dos grandes conquistadores e descobridores que foram “...por mares nunca antes navegados”.
Gosto também de estudar as grandes batalhas e as estratégias dos grandes senhores da guerra. As qualidades que mais admiro são a ousadia e a coragem. Honro aqueles que marcam a diferença, que conseguem contrariar resultados, desafiando o próprio destino, como os grandes reis e governantes e até mesmo os gestores de uma organização.
Deus sabia desde o princípio que esta seria a maneira de me atrair para a igreja.
2. Como foi despertado o desejo?
A convite de uma amiga da minha Mãe, os meus pais visitaram a igreja. No dia seguinte os Elderes bateram na minha porta.
Levei cerca de 6 meses a investigar a igreja. Foram quase 6 meses a falar mais do que ouvia. E o que ouvia era: uma bíblia AMERICANA, um rapaz AMERICANO viu Deus e Jesus Cristo e anjos em pleno Nova York, Jesus Cristo apareceu nas AMERICAS – não soava mesmo nada bem.
E quando naquela 5ª feira a noite, resolvi calar e ouvir a mensagem dos Elderes, fui batizada na manhã do Sábado seguinte.
Tudo porque comecei a reparar mais nos elders, e a pergunta que me vinha à mente era: - O que faz com que jovens como estes, bem parecidos, no seu juízo normal, deixem a família, namoradas e amigos, os seus estudos ou trabalho, a sua vida social e virem para um país estranho, bater de porta em porta, aturar maus tratos e insultos sem ganhar um tostão, e pior, e continuarem felizes?
A resposta era sempre a mesma que me vinha à mente: Só poderá ser por uma grande causa. Eles realmente marcavam a diferença.
3. Como foi plantada a semente?
Fui batizada em Outubro de 1986. Naquela altura, a extinta Ala III de Lisboa, tinha cerca de 15 jovens dos 14 aos 20 anos. Eram muito unidos. Falavam com muita autoridade e convicção. Não bebiam, não fumavam e não usavam drogas, mas eram divertidos, loucos, davam nas vistas sempre dentro dos limites dos padrões da igreja.
Eram tão ousados, que quando almoçavam nos centros comerciais, cheios de gente, um deles abençoava o alimento em voz alta e surpreendiam toda a gente quando respondiam Amém.
Marcavam a diferença, desafiavam o próprio destino, e eram felizes.
4. Como criou raiz?
Na igreja ensinava-se (e ensina-se) o evangelho em todas as frentes: no Seminário, Instituto e nas Reuniões Dominicais. A palavra de ordem, e como ainda hoje, era Ler, Ponderar e Orar.
Encontrei nas escrituras livros mágicos que respondiam a todas as minhas questões, adaptavam-se ao meu perfil e consolavam-me nas horas de angústia.
Descobri uma igreja que desmistificou o Deus duro, castigador e justiceiro do Velho Testamento, ousando referir que Ele é um homem semelhante a nós, de carne e osso, que existe a hipótese de deixar de ser Deus, perdendo a sua glória e honra, se por uns instantes usar a misericórdia em lugar da justiça (Alma 42) e isto era possível de acontecer, pois há um testemunho que o próprio Deus foi visto a chorar quando teve que aplicar a sua justiça (Moisés 7: 23-40).
Conheci Cristo, e como Ele se voluntariou para o sacrifício Expiatório, ser o braço da misericórdia, para que Deus conservasse a sua glória e honra e trazer de volta toda a família humana.
Finalmente tinha encontrado a verdadeira razão para marcar a diferença, desafiar o destino e ser feliz.
5. Como foi alimentado?
Ao ler a história da restauração da igreja, Joseph Smith deixou de ser aquele rapazinho Americano que tinha visões e passou a ser O Profeta. Conhecer tudo o que ele e os pioneiros viveram em nome do evangelho, fortaleceu-me muito mais. Impressionou-me o episódio em que ele numa noite foi atacado e coberto com alcatrão e penas, e na manhã seguinte lá estava ele com a pele descarnada, vestido a preceito para dirigir uma reunião. E os pioneiros que foram expulsos das suas próprias terras, tiveram que viajar milhas intermináveis, cruzando montanhas cobertas de neve e rios gelados, perderam familiares, entes queridos e membros do próprio corpo. Não murmuraram e nem amaldiçoaram ninguém, deram somente louvor a Deus.
Pessoas que marcaram a diferença, contrariaram resultados e conquistaram a felicidade.
6. Como brotou?
Tive a oportunidade de servir uma missão de tempo integral, de Março 1992 a Setembro de 1993 em Lisboa Norte.
Foi o tempo de pôr em pratica todos os meus ensinamentos que tinha adquirido até a data. Aprendi a reconhecer o Espírito Santo. Eu não imaginava que havia tanto poder em mim. Vi milagres acontecerem e por varias vezes senti a presença dos anjos a ajudar-me.
Finalmente marcava a diferença, desafiava o próprio destino, contrariava resultados e aprendia a ser feliz.
7. Como resiste até agora?
Durante estes 21 anos da igreja, tenho visto coisas maravilhosas e conhecido pessoas espectaculares.
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é uma grande organização, a maior do mundo, pois é a única que continuará para além dos limites desta vida.
Fico maravilhada quando contemplo a obra de Deus aqui na terra. Sou tão grata pela existência de locais tão sagrados como os Templos.
Sinto-me honrada em pertencer a uma congregação de 12 milhões de pessoas (o mesmo número que a população de Portugal) que nas conferências gerais cantam em uma só voz e respondam em uníssono o Amem depois das orações.
Não há momentos mais edificantes do que ouvir em directo os ensinamentos dos profetas e das outras autoridades gerais.
Actualmente, os meus heróis saltaram dos livros, telas e ecrãs e andam lado a lado comigo. São pessoas tentadas, desafiadas e provadas, mas que caem sempre de pé. Gente que atingiu o mais honrado dom de Cristo – a longanimidade.
Não têm vidas fáceis, mas cada Domingo, ungem a cabeça, lavam os seus rostos e lá estão reflectindo uma luz que ultrapassa a beleza dos lírios do campo. São eles os Torres, os Esteves, os Santos, os Picanços, os Caleiras, os Mirandas, os Almeidas, os Cândidos, os Castros, os Martins, os Lemes, os Silvas e Sousas desta Terra que corajosamente, têm marcado a diferença, contrariado resultados, desafiado o próprio destino e têm me ajudado a ser feliz.
O meu testemunho no fundo resume-se no seguinte: Eu sei que Deus vive, Jesus Cristo é o nosso Salvador, Joseph Smith teve aquelas visões tal como relatou, O livro de Mórmon é a palavra de Deus, Gordon B. Hinckley é um profeta de Deus e a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é a única verdadeira sobre Terra. Em nome de Cristo. Amem.
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