sábado, 6 de fevereiro de 2010

LUIZ POLITO
BRASILEIRO
MÚSICO

Inúmeras são as maneiras de alguém conhecer a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Alguns conhecem a Igreja através dos missionários, quando estes batem em suas portas. Outros ouvem falar da Igreja através de algum amigo ou conhecido que já é membro. Tem ainda os que conhecem o evangelho restaurado por meio da Internet.
Eu conheci a Igreja através de um amigo, que conhecia alguém que era membro.
Nós tínhamos um pequeno grupo de teatro, mas não tínhamos um palco para ensaiar. Isso foi no início de 1977, em Bauru, no interior do Estado de São Paulo.
Numa de nossas reuniões do grupo, debatíamos onde iríamos ensaiar.
Aí o Alcides lembrou:
- Os Mórmons tem um palco na sua Igreja. Quem sabe eles não deixam a gente ensaiar lá?
E lá fomos nós, apertados dentro do meu Gordini, ano 1964 (mais conhecido como Maestro, devido ao fato de estar sempre dando um conserto em cada parada...).
Paramos def ronte a única capela de Bauru na época, na Rua Gustavo Maciel. Foi a primeira vez que entrei numa capela SUD. Ainda me lembro, depois de tantos anos passados, da calorosa recepção que tivemos. Todos vieram nos cumprimentar, e o Presidente Guilherme do Ramo Bauru, chamou-nos para conversar em sua sala.
Após ouvir o nosso pedido, para ensaiarmos no palco da Igreja, ele disse:
- Vocês podem ensaiar, desde que não fumem no edifício da Igreja. Um cigarro, na minha opinião, é um tubinho de papel cheio de fumo, com uma brasa de um lado e um idiota do outro!
Grande ser humano, o Presidente Guilherme, que meses depois, iria embora de Bauru, com sua família, devido a uma transferência no seu trabalho.
E assim começamos a ensaiar. O interessante é que ninguém no grupo fumava e nunca tivemos problema.
Num dos ensaios (da comédia ´´Turíbio, o 39 da Oitava´´), enquanto esperávamos chegar alguns integrantes do grupo, eu vi um Livro de Mórmon sobre um dos bancos da capela. Perguntei para o Valdir, que é membro, de quem era aquele livro. Ele respondeu que não sabia de quem era, mas que eu podia levar o livro para ler.
Esse foi o meu primeiro contato com esse maravilhoso livro. Ele me despertou muito interesse, porque nessa época eu estava lendo tudo o que aparecia em minhas mãos sobre religião.
Voltando para casa naquela noite, de ônibus, fui lendo a introdução do Livro de Mórmon . Falava de um anjo que tinha aparecido em tempos modernos e trazido uma mensagem ao mundo a respeito de algumas placas de ouro, que estavam enterradas perto de um monte, dentro de uma caixa de pedra..
- Puxa! Um anjo tinha aparecido em tempos modernos, e ninguém tinha me contado nada sobre isso, em tantos livros de religião que eu já tinha lido! –pensei comigo mesmo, impressionado.
Em poucos dias eu li o livro inteiro. Achei interessantíssimo.
Numa outra noite de ensaio, na capela, vi a irmã Élida abrir um armário onde tinham muitos folhetos da Igreja. Pedi um de cada. Ela relutou em me entregar os folhetos que falavam de Palavra de Sabedoria e Lei do Dízimo, mas devido à minha insistência, ela não teve outra escolha. Li todos os folhetos.
Num outro dia, vi dois rapazes de camisa branca e gravata entrarem na Igreja. Eram dois americanos.
- Quem são aqueles dois rapazes? – perguntei para um membro.
- Você ainda não conhece os missionários?
Na verdade, nem sabia que existiam missionários na Igreja. Fui portanto, apresentado aos Élderes Epperly e Smith.
Eu já estava praticamente pronto para ser batizado, pois já tinha lido o Livro de Mórmon inteiro e todos os folhetos. Já tinha até parado de tomar café, antes de conhecê-los.
Uma semana depois de ser apresentado aos missionários, no dia 20 de fevereiro, fui batizado. Precisei ser mergulhado duas vezes na água, pelo irmão Muffalo, porque meu pé ficou de fora, na primeira vez.
Era dia de Carnaval e estava tendo desfile na Avenida Rodrigues Alves, no centro da cidade, naquela noite. Após assistir a Reunião Sacramental (que naquele tempo era realizada a noite) fui para minha casa. Eu estava tão feliz, que parecia que eu estava andando nas nuvens. Nem me lembro de ter visto o desfile de Carnaval, apesar de tanto movimento que estava tendo na cidade.
Depois do batismo, o grupo de teatro foi-se acabando, e não deu em nada.
Cada integrante do grupo fui para um lado, e nenhum deles se interessou pela Igreja, naquela época.
Muitos anos depois, o nosso diretor de teatro, José, freqüentou a Igreja por um tempo.
Eu fiquei sempre firme na Igreja.
Até hoje, vinte e oito anos depois do meu batismo, encontro com o Alcides (o meu amigo não-membro até hoje, que conhecia a Igreja). Ele sempre me pergunta:
- E aí Luiz, ainda está nos Mórmons?

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Um ano depois de meu batismo, eu já estava na missão Brasil Rio de Janeiro. Dois meses depois que cheguei ao campo missionário, trabalhando na área Andaraí, com o Elder Byron, recebi uma grande notícia de casa.
Era o dia 5 de abril de 1978, e registrei no meu diário:
«Hoje recebi a notícia mais maravilhosa que poderia receber: meu irmão querido, José Cosme, foi batizado na verdadeira Igreja de Jesus Cristo!
Quando lí esta notícia na carta que recebi hoje, eu gritei: - O Zé foi batizado!- e falei para os élderes que quisessem ouvir: - Meu irmão foi batizado!»
Aquela notícia me deixou muito feliz. Éramos, então, três irmãos que tinham entrado para a Igreja. Primeiro eu, depois o meu irmão caçula Gilberto (que tinha sido batizado por mim pouco antes de eu ir para a missão), e agora o José Cosme, que é quatro anos mais velho que eu.
O José sempre foi muito bom em escrever contos, histórias, e poesias. Um ano depois de ser batizado, ele me enviou uma poesia, que contava a sua história, e a de todos os que se batizam na Igreja de Jesus Cristo.
Eis os versos da poesia que ele chamou «Renascer»

A gente nasce,
Começa a viver.
A gente vive,
Começa a crescer.
A gente cresce,
Começa a aprender.
A gente aprende,
Começa a querer...

Fazer de tudo,
Falar com todos,
Subir na vida,
Comprar as coisas,
Ganhar presentes,
Trocar idéias,
Mudar o mundo,
Ser bem feliz!

A gente tenta satisfazer
Nossas vontades
Só por prazer.
E até se esquece
Que há nos Céus
Um Pai clemente
E cheio de amor...

Que nunca muda,
E não fenece.
Eternamente
Fica esperando
Que nos lembremos
Que Ele vive.
Que Ele vive
Eternamente.

A gente pensa,
E se confunde.
A gente sonha,
Não executa.
A gente fala,
Mesmo sem crer.
Todos ficamos
A envelhecer.

Todos os dias,
Em cada instante.
Tudo em vão,
Ao nosso olhar.
E, tristemente,
Dias passados
A recordar.
O fim já vem?

Um dia surge
Um par de irmãos:
´´- Conhece os Mórmons? ´´
A nós indagam.
E a orar,
Urgente ensinam...
A gente nasce,
Começa outra vez...

E pra valer!
E com fervor!
E simplesmente,
Sem perceber,
Temos trabalho,
Doutrina e pão.
Nasceu em nós
A ESPERANÇA!

(poesia Renascer, de José C.D.Polito)

Assim foi a minha conversão à Igreja Restaurada, e hoje continuo feliz por ter conhecido e aceitado o Evangelho de Jesus Cristo. Desde meu batismo , sempre servi na Igreja, em tantos cargos e responsabilidades, tais como professor, Conselheiro de Bispado, Diretor de Assuntos Públicos, Presidente de Quórum de Élderes, e tantos outros, sem esquecer o privilégio de ter servido uma missão de tempo integral.. Servir ao Senhor, seja em qualquer cargo ou responsabilidade, sempre trouxe muita alegria e realização.

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